quarta-feira, 14 de setembro de 2011

7 meses de Federal

Enquanto o segundo post da série Sucesso na entrevista não fica pronto, é hora de uma comemoração: hoje estamos completando 7 meses de processo Federal. Sete meses sem absolutamente nenhum contato por parte do consulado.

Considerando que várias pessoas que terminaram o processo recentemente receberam o pedido de exames médicos entre 10 e 12 meses de espera, eu fico me perguntando se talvez o primeiro contato do consulado virá com o pedido dos exames. Esse é meu lado (bastante) otimista. O lado pessimista diz que ainda vamos receber a carta de abertura e o pedido dos exames vai passar dos 12 meses.

Por outro lado, como eu já disse algumas vezes, nós não temos muita pressa em finalizar o processo, pois não temos planos de imigrar antes de Abril de 2012. O grande problema, no entanto, é a falta de previsão. Nós temos que tomar algumas decisões importantes com impacto financeiro e fica difícil de acertar sem saber se vamos conseguir imigrar em Abril.

E a espera continua...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sucesso na entrevista: o que fazer e o que não fazer

Pelo que venho acomapanhando nos grupos de discussão de imigração, o consulado do Québec começou a convocar as pessoas para a próxima rodada de entrevistas.

Para ajudar esse povo, resolvi escrever uma série de dois posts nos quais vou passar várias dicas e informações. Essa informação é baseada na aula especial que tive sobre a entrevista, no que ouço sobre as pessoas que já passaram por ela e claro, na minha própria experiência.

Neste post, o primeiro da série, vou passar uma lista de recomendações: o que você deve fazer e o que você deve evitar.

Mas antes de começar tenho que passar o aviso obrigatório: as informações contidas neste post não são oficiais e podem conter erros. A responsabilidade na sua utilização é totalmente sua.

  • Uma das coisas mais importantes: nem você, nem seu cônjuge, podem dizer que vão imigrar para fazer faculdade. Eles não querem pessoas para estudar com bolsas do governo e voltar para o Brasil quando se formar. Eles querem pessoas para trabalhar e pagar impostos. Então nada de falar que vai estudar, o primeiro plano do casal é trabalhar
  • Quando o entrevistador fizer uma pergunta, fale o máximo que puder. Isso mesmo, fale como uma matraca. Existem duas razões para isso. A primeira é que um dos objetivos principais da entrevista é avaliar o idioma, é difícil avaliar o idioma de alguém que fala pouco. O segundo motivo é que o povo do Québec fala bastante. Quando você pergunta "como foi a viagem", eles raramente vão dizer apenas "foi boa". Normalmente eles vão dizer "foi boa, porque estava bem quente e nós tomamos muito sorvete. Meu filho adorou a praia. Minha esposa aproveitou para correr na areia e eu consegui terminar o livro que estava lendo desde Janeiro". Entendeu? Todas suas respostas tem que ser seguidas de "parce que". Só pare de falar quando o entrevistador pedir. Pratique isso bastante
  • Não interrompa seu cônjuge. O que normalmente acontece é que o aplicante principal tem um Francês melhor do que o cônjuge. Então o entrevistador se vira para o cônjuge e começa a fazer perguntas. O cônjuge se perde ou não sabe responder. O que o principal faz? Se intromete e responde pelo cônjuge. O que acontece? O entrevistador pode não gostar, pedir para o principal se calar e deixar o cônjuge falar. Vai ficar um clima ruim. Se o entrevistador for mulher e o principal for homem é pior, pois a mulher no Québec é muito independente e tem gênio forte. Então não interrompa o seu cônjuge. Se a coisa ficar muito feia, pergunte ao entrevistador se você pode ajudar
  • Falando no cônjuge, tenha em mente que o entrevistador vai fazer perguntas. No mínimo do mínimo, o cônjuge tem que saber responder o nome, idade, descrever a profissão, o que vai fazer no Québec e porque imigrar. Lembre-se do que eu disse acima sobre entrevistador mulher, ela pode pegar no pé, pois elas não gostam quando a mulher tem menos Francês que o marido
  • Seja o mais honesto possível e não minta! Parece óbvio, mas na tentativa de nos vender sempre é possível aumentar uma informação ou omitir outras. Cuidado, uma mentira pode prejudicar muito. Um detalhe importante é o currículo. Há entrevistadores que conhecem bem a área de atuação do principal e podem fazer perguntas sobre o que foi colocado no currículo. Esteja preparado
  • Se você colocou no formulário que tem Inglês, o entrevistador vai fazer perguntas em Inglês. Já ouvi casos de pessoas que colocaram um nível maior de Inglês no formulário e depois tiveram problemas na entrevista. Eu recomendo pelo menos uma aulinha particular de Inglês antes da entrevista. Outra coisa importante para praticar é fazer a troca de Francês para o Inglês (e vice-versa) na mesma conversa. Isso pode ser muito mais complicado do que parece, principalmente no momento de tensão da entrevista. Você pode praticar sozinho. Simule um diálogo (sozinho ou com alguém) e responda algumas perguntas em Inglês e outras em Francês
  • Não prepare uma apresentação no powerpoint para a entrevista. Já vi pessoas fazendo isso, mas acho besteira. Entrevista é entrevista, apresentação é apresentação. O que você tem que fazer é falar e mostrar que pesquisou (mais sobre isso no próximo post)
  • Não se preocupe muito com o sotaque do Québec. O entrevistador vai usar o Francês formal e vai levar em consideração o nível de Francês que você colocou no formulário. Pode ser uma boa idéia ouvir um pouco a FM93, mas não entre em desespero se estiver difícil
  • Use a preposição correta para se refirir a província do Québec e a cidade de Québec. Eles se referem a província no masculino e a cidade no feminino. Então "du Québec" ou "au Québec" se refere a província e "à Québec" ou apenas "Québec" se refere à cidade. Logo, eles raramente dizem "ville de Québec" para se referir à cidade, eles dizem apenas "Québec". Isso não é algo absurdamente importante, mas pode causar uma boa impressão
  • Na noite anterior a entrevista, revise com o seu cônjuge o que vocês fizeram nesse dia. Uma das perguntas mais clássicas da entrevista é "o que vocês fizeram ontem?"
  • Cadastra-se em um grupo de discussão de imigração (recomendo este) e acompanhe os relatos das pessoas que estão fazendo a entrevista na mesma época que você. É possível que você pegue o mesmo entrevistador. Então é importante tentar conhecer o máximo sobre o perfil dele: quais perguntas ele faz, se ele implica com algo e etc
  • Leia o máximo de relatos possíveis em blogs. Procure casais com o mesmo perfil que você e estude bem o relato deles (o meu está aqui)
  • Pratique para a entrevista. Eu cheguei a decorar algumas das minhas respostas (não intencionalmente, mas porque eu praticava quase todo dia). Tudo o que eu pratiquei foi perguntado na minha entrevista. Vou falar mais sobre isso no próximo post, mas eu já descrevi um método simples em Preparação para a entrevista

    sexta-feira, 2 de setembro de 2011

    Viagem ao Canadá: cidade de Québec

    Este é o segundo post da série de dois posts sobre minha viagem ao Canadá. O primeiro foi sobre Vancouver, neste vou falar sobre a cidade de Québec.

    Tive que pegar dois vôos. O primeiro foi de Vancouver à Montréal e durou cinco horas. O segundo foi de Montréal até a cidade de Québec, e durou em torno de uma hora. Saí de Vancouver às 23:00hs, cheguei em Québec às 10:00hs. Além da espera na troca de aviões tem uma diferença de 3 horas entre as duas cidades.

    Aliás, permita-me abrir um pequeno parêntese. Em Québec, eles não falam "ville de Québec" (cidade de Québec), eles dizem apenas "Québec". Isso não causa confusão com o província, pois eles se referem à província no masculino e à cidade no femino, então "du Québec" ou "au Québec" se refere a província e "à Québec" ou apenas "Québec" se refere à cidade. Em Português é um pouco complicado porque as preposições são um pouco diferentes, mas quando eu dizer "de Québec" vou estar me referindo a cidade e "do Québec" à província. O problema é "em Québec", que é válido para a cidade e para a província, mas quando usado neste post normalmente se refere à cidade.

    Voltando ao relato, cheguei em Québec às 10:00hs. No dia anterior, eu havia pesquisado como ir do aeroporto de Québec até o centro da cidade de ônibus. Não parecia difícil, mas tinha um detalhe estranho: a página na internet dizia que o ônibus que sai do aeroporto começa a funcionar às 16:00hs. Achei a informação muita estranha, e considerei que estivesse errada.

    Ledo engano: o ônibus realmente começa a funcionar às 16:00hs. Fiquei confuso, mas não teve jeito, a única opção era pegar um taxi. Felizmente ou não, o preço do taxi até o centro é fixo (C$ 32 e uns quebrados).

    Antes de pegar o taxi, no entanto, eu tinha que comer. Estava faminto! Fui no famoso Tim Hortons no próprio aeroporto, e foi lá que tive o primeiro probleminha com o Francês. Disse "Bonjour" para a moça do caixa e fiz meu pedido. Ela registrou, fez uma ou duas perguntas sobre o pão e perguntou "du bar?". Eu disse "pardon?" ela repetiu "du bar?" eu disse "du bar?" ela disse "oui, du bar". Eu disse em Francês: "desculpe, não sou daqui, não sei o que isso significa". Essa minha frase causou um silêncio constragedor de uns cinco segundos, durante os quais ela me olhou como se eu fosse retardado. Aí ela disse "butter?" e eu "aaahhh, du beurre!". "Beurre" é manteiga em Francês (e "butter" em Inglês). O som de "eu" em Francês é difícil, mas estou acostumado com uma pronúncia de "beurre" que soa mais ou menos como um carneiro gritando "bérrr". Ela falava algo como "bar", mas enfim.

    Depois do café peguei o taxi. O taxista explicou que o ônibus funciona em apenas dois horários, de manhã (para levar os funcionários do centro ao aeroporto) e às 16:00hs (para fazer o caminho inverso). Ou seja, se você não chegar às 16:00hs tem que pegar o taxi.

    Diga-se de passagem que o taxista foi a primeira pessoa em Québec que tive uma longa conversa em Francês. Ele era imigrante, nascido na Costa do Marfim. Às vezes eu não entendia muito bem o que ele dizia, mas eu perguntava e ele explicava de outra forma. Foi tranquilo e ele elogiou muito meu Francês.

    Chegando ao centro fui ao encontro de meu amigo, que imigrou há quase três anos e iria me hospedar. Fui até seu escritório. Nos encontramos, conversamos um pouco e ele me explicou como chegar no centro histórico. Deixei minhas coisas com ele e saí para conhecer a região central da cidade.

    A primeira impressão que tive foi ótima. A arquitetura e a organização do centro me surpreenderam por serem um pouco diferentes do que eu vi nas cidades que visitei nos EUA e no Canadá. É difícil explicar isso em detalhes e de uma maneira objetiva, mas há uma mistura de prédios antigos em estilo europeu e prédios modernos. Vi poucos prédios altos. Há várias praças e bancos para sentar. Lembrem-se que estamos falando do centro :)


    Só tive um problema de imediato: estava absurdamente quente. Creio que fazia mais de 30C. O sol queimava. Eu estava de calça e devia ter dormido no máximo umas cinco horas! Mas vamos lá! Eu tinha apenas quatro dias e tinha que aproveitá-los ao máximo.

    Gostei muito do centro histórico. É muito lindo e tem muita coisa para ver e comprar. Para quem gosta de história, tem várias placas explicativas e muitas casas de época preservadas. O centro histórico de Québec faz parte do patrimônio histórico da humanidade.


    Gastei dois dias no centro histórico. Onde meu objetivo era conhecê-lo e tentar praticar meu Francês. No geral não tive problemas com a língua, mas de vez em quando eu cometia um erro ou começa a gaguejar. Quando isso acontecia a pessoa com quem eu falava mudava para o Inglês (isso era menos comum fora do centro).

    Creio que eles façam isso com a melhor das intenções, mas eu insistia no Francês. Quando eu sabia que a conversa seria longa, eu explicava que estava aprendendo e que gostaria de falar em Francês (o que foi atendido 100% das vezes). Mas houve um ou dois casos de conversas curtas em que a pessoa mudou para o Inglês e eu continuei no Francês. Foi bizarro!


    No final de semana (cheguei numa quinta-feira), meu amigo me levou para conhecer outras partes da cidade e fazer compras. O preço de algumas coisas são absurdamente baratas no Canadá. Três exemplos: carros, eletrônicos e brinquedos. Tive que me controlar para não comprar uma caixa de lego enorme do Star Wars que no Brasil custa uns R$ 300,00 e em Québec estava menos de C$ 80,00!

    Outra coisa muito importante que fizemos no final de semana foi participar de um churrasco na casa de outro brasileiro. Além do ótimo churrasco, foi uma excelente oportunidade para conversar com outros imigrantes brasileiros. Apesar de alguns terem tido bastante dificuldades no primeiro ano, todos eles estavam estabilizados e (com excessão de um casal) já tinham comprado a casa própria. E quando digo "casa", é casa mesmo: bonita e com bastante espaço para os filhos. Acho que nunca poderei oferecer algo assim para minha família aqui no Brasil.


    Aliás, conheci o Alexei. Não lembro se foi no final de semana ou na sexta. Mas foi legal. Ele é um pouco mais baixo do que eu imaginava, e tão bem humorado quanto seus posts!

    Essa viagem foi inesquecível para mim. Foi minha primeira oportunidade de usar meu Francês e tive a oportunidade de ouvir muitas histórias e conselhos.

    Para terminar o post, aqui vão algumas conclusões sobre Québec. Tenha em mente que visitei a cidade como turista durante quatro dias e meio e, como todo ser humano, posso exagerar ou cometer erros. Mas aí vai:

    • O mais importante de tudo é uma afirmação forte, está preparado? :) Québec e Canadá são coisas diferentes. É difícil explicar isso, mas é outro povo. Cidades como Montréal e Gatineau são excessões por misturar as duas culturas, mas a cidade de Québec (e creio que o interior do Québec) possuem uma cultura diferente. Eu simplesmente esquecia que estava no Canadá. Veja bem, não estou dizendo que um é melhor ou que o outro é pior. Tudo depende de você, sendo que a língua é um fator decisivo. Não tem Inglês? Está focando no Francês? Então a cidade de Québec ou o interior do Québec pode ser uma ótima opção
    • O Francês falado no Québec é um dialeto. O que isso significa? Primeiro, ele é bem diferente do Francês da França. Segundo, é difícil. Eu tenho sorte, pois aprendi meu Francês em uma escola de Francês do Québec e mesmo assim tive dificuldade
    • Não vi muitos imigrantes na cidade de Québec, também há poucos negros
    • A cidade de Québec é bonita e bem organizada. Para os padrões do Canadá é uma cidade grande, mas para mim tem um pouco cara de interior
    • Os brasileiros que conheci estão relativamente bem, mas todos disseram que o primeiro ano foi difícil. Eles são muito unidos e se ajudam bastante

    Um agradecimento especial vai ao meu amigo que permanecerá anônimo. Ele cedeu um espaço ótimo na casa dele, me levou para vários lugares e teve paciência de responder a todas minhas perguntas! Nunca vou esquecer isso e espero conseguir retribuir um dia!