segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Jean Charles

Um post que estou devendo há um certo tempo é sobre o filme Jean Charles, baseado na história real de Jean Charles de Menezes. Esse foi um daqueles filmes que eu e minha esposa começamos a assistir "sem querer" e acabou deixando a gente impressionado, tanto pela qualidade do filme como pelo fato que ele também fala sobre imigração.

Creio que posso dizer que o filme aborda dois assuntos. O primeiro é sobre a vida de imigrantes brasileiros (geralmente ilegais) em Londres. Esse tipo de imigração é bem diferente da nossa, pois nós passamos por um processo trabalhoso, longo e caro para conseguirmos imigrar legalmente. O imigrante ilegal, por outro lado, normalmente entra no país com um visto de turismo e acaba ficando por lá. No entanto, várias dificuldades são comuns aos dois casos: a dificuldade com o idioma, adaptação, fatores culturais, saudades e etc.

O segundo assunto é sobre a vida e o assassinato bárbaro do Jean Charles. É absurdamente revoltante ver como a Scotland Yard tratou o assunto e uma vergonha sem tamanho para um país como a Ingleterra não ter colocado os responsáveis na prisão... A impunidade não é exclusiva do terceiro mundo!

Outra razão para ver o filme é a sempre excelente atuação do Selton Mello. Segue o trailer (infelizmente com qualidade ruim).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Contribuição da Imigração no crescimento do Québec

Tive a oportunidade de participar de um encontro organizado pelo escritório de imigração do Québec chamado "A Contribuição da Imigração no crescimento do Québec".

O encontro foi uma rodada de palestras rápidas, exclusivas para quem já conseguiu o CSQ. Teve cinco palestrantes. O único que vou lembrar o nome é o Gilles Mascle que trabalha no escritório do Québec em SP. Os outros três eram: uma pessoa responsável pelo Québec International, um representante da prefeitura da cidade de Québec e um funcionário do banco Desjardins.

O Gilles começou a rodada de palestras falando sobre a demora do Federal. Ele disse que o consulado teve alguns problemas no começo do ano o que gerou esse atraso que, segundo ele, não é normal. O consulado está trabalhando bastante para manter o prazo de 12 meses para a chegada dos pedidos dos exames e tem a expectativa de voltar ao normal no ano que vem. Se entendi corretamente (a maior parte das palestras foi em Francês) ele disse que o consulado está organizando mutirões para fazer a fila andar mais rápido e etc.

O Gilles também falou bastante sobre a fase final do Federal, a chegada no Québec e alguns outros detalhes sobre serviços públicos. Imagino que a maioria das coisas que ele falou existem no guia, só vou destacar o seguinte:

  • Evitar ficar em hotel quando chegar. Tentar alugar um studio ou um apartamento mobiliado. O problema com o hotel é que ele é muito impessoal e isso pode causar um impacto negativo na integração durante as primeiras semanas
  • Se você fizer a entrada no país pelo aeroporto de Montréal, vai receber informações sobre os escritórios de ajuda ao imigrante (que creio ser o MICC). Ele disse para usar esse serviço o máximo possível, sempre que necessitar, pois ele existe para isso
  • Ler o guia! Pois tem várias coisas que podemos fazer antes de partir

As duas outras palestras foram sobre a cidade de Québec. Meu amigo(a), vou dizer uma coisa: eu nunca vi alguém vender tanto uma cidade assim. Acho que se eles pudessem pagar para irmos para lá eles pagariam. Resumindo: eles devem ter mencionado todas qualidades possíveis da cidade, desde a taxa de homicídio (que é uma das mais baixas do Canadá, se não a mais baixa) até o fato que eles tem 270KM de vias para bicicletas e já ganharam diversos prêmios pela beleza da cidade.

Eu estive em Québec há um pouco mais de um mês, e vou concordar que realmente parece ser uma cidade ótima principalmente para quem tem família, mas não sei se é tudo o que eles falaram. Outra coisa que vale a pena destacar é que eles mencionaram que muitas pessoas vão se aposentar nos próximos anos, então o déficit de mão de obra especializada da cidade (que já é alto) vai aumentar. Isso pode ser uma boa oportunidade para nós.

A última palestra, e provavelmente a mais interessante para mim, foi com o representante do banco Desjardins. Eles tem alguns produtos disponíveis para imigrantes e existe a possibilidade de abrir uma conta ainda no Brasil e ir transferindo dinheiro aos poucos (embora ele não falou muito sobre os custos disso). Ele também comentou sobre a importância do histórico de crédito e como você pode destruí-lo se não pagar as contas em dia. Eu não vou entrar em detalhes sobre esse assunto porque muitas pessoas já escreveram sobre isso. Ele disse que quem tiver interesse em abrir uma conta no banco deve visitar a página http://desjardins.com/caissedequebec e entrar em contato. Note que essa é a agência da cidade de Québec, se você planeja morar em outra cidade pode entrar em contato com eles que eles passam informações sobre o mesmo programa em outras cidades. Ele frisou muito que eles tem uma equipe especializada no caso dos imigrantes e se colocaram a total disposição para tirar todas as nossas dúvidas.

Uma outra notícia que veio de uma pessoa que mandou a documentação em Novembro de 2010, é que aparentemente o consulado vai enviar um email com as informações de abertura do processo ao invés de enviar a carta. Segundo essa pessoa algumas pessoas de Novembro receberam esse email e o consulado ligou para essa pessoa para confirmar informações do processo e dizer que agora seria por email. Vamos ver.

Por fim, creio que 80% do que foi abordado nas palestras não foi novidade para mim, mas só o fato de haver um encontro e eles trazerem pessoas de instituições de lá para tirar nossas dúvidas aqui demonstra que somos importantes e ajuda a animar aqueles que estão na longa espera do Federal.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Desanimado com o Francês

Logo depois que fiz a entrevista já senti o baque: eu estudava muito, praticamente todo dia, e no começo deste ano (fiz a entrevista em Dezembro de 2010) minha motivação para estudar o Francês diminui consideravelmente e não parou mais de cair.

Existem alguns fatores que contribuiram para isso.

Primeiro, minha escola é especializada em imigração e Francês do Québec. Então eles acabam seguindo um ritmo louco para que todos tenham a carga horária e o Francês necessário para a entrevista. Ninguém aguenta (e nem deve!) estudar num ritmo desses durante muito tempo.

Aí vem o segundo problema: no mês passado completamos 2 anos de Francês. Ritmo louco: a escola para em torno de 3 semanas em Dezembro e 2 semanas em Julho.

Por fim, o terceiro motivo é que eu senti que não estava aprendendo mais. Senti que as aulas estavam super improdutivas e os outros alunos também estavam desmotivados... Hora de mudar!

Uma opção seria mudar de turma, mas eu teria que voltar alguns níveis pois minha turma está no nível avançado (embora eu creio que meu nível seja um intermediário-alto no melhor dos casos). Não creio que estudar várias coisas de novo seria muito motivador. Eu também poderia mudar de escola, tentar estudar na Aliança, por exemplo. O problema é que gosto muito da cultura e do sotaque do Québec, isso é algo que eu não gostaria de mudar.

Então veio a terceira opção. Creio que posso dizer que eu falo Inglês, mas tenho várias deficiências e dificuldades. Junte a isso dois fatos: estamos pensando em morar em uma cidade bilingue e minha empresa estava disposta a pagar um curso de Inglês para mim. Adivinhou? A terceira opção seria mudar o foco do Francês para o Inglês.

Explicando melhor, comecei um curso regular de Inglês (5 horas por semana) e troquei o curso regular de Francês por 1 aula particular por semana.

É um pouco puxado, mas ambos os cursos tem o foco na conversação, principalmente o de Francês, pois meu objetivo é apenas manter o Francês que eu já tenho e consertar algumas deficiências.

Meu plano é continuar nesse esquema até o final do ano. Em Fevereiro eu posso pensar em inverter as coisas (voltar ao regular de Francês e fazer particular de Inglês).

Embora eu não posso deixar de admitir que as aulas particulares de Francês são absurdamente mais produtivas que as aulas do curso regular, eu sinto que meu Francês está definhando um pouco :(

Mas enfim, também não posso esquecer que o Inglês é meu ganha pão (trabalho para uma empresa americana, falo e escrevo Inglês quase o dia inteiro) e para quem é de TI Inglês é essencial, mesmo para nós que vamos viver no Québec!

A mudança já está feita, agora é aguardar alguns meses e ver se valeu a pena.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

8 meses de Federal

Eu havia dito que só comemoraria os aniversários do Federal de dois em dois ou de três em três meses, mas vou abrir uma exceção, pois tenho uma boa notícia.

Várias pessoas estão reportando que o consulado já está com os pedidos dos exames médicos do pessoal de Setembro de 2010 (alguns dizem que eles também tem os pedidos do pessoal de Outubro). O consulado está segurando esses pedidos por causa da greve dos Correios e está autorizando o pessoal a fazer a retirada pessoalmente. O problema é que o consulado não está informando a situação, então o pessoal está entrando em contato para confirmar que está pronto e então fazer a retirada.

Para mim isso é ótimo, pois significa que o pedido dos exames realmente está levando em torno de 12 meses depois da entrega da papelada. Então, se continuar assim, receberemos nossos pedidos  em Fevereiro e provavelmente conseguiremos imigrar na época que consideramos ser perfeita para nós: Abril/Maio de 2012.

Ah sim, hoje estamos completando 8 meses de Federal! :)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sucesso na entrevista: algumas perguntas clássicas

Desculpem pela imensa demora, estou bastante ocupado com o trabalho e tive que viajar. Mas já estou de volta, e aqui está o segundo post da série Sucesso na entrevista!

Neste post vou listar algumas perguntas clássicas que muito provavelmente ocorrerão na sua entrevista. Também vou fornecer respostas aproximadas do que pratiquei e usei na minha entrevista. Eu digo "aproximadas" porque fiz minha entrevista há quase um ano e não lembro exatamente das minhas respostas.

Meu objetivo com este post é para você ter uma idéia do que estudar e praticar. Eu não recomendo simplesmente decorar o que escrevi abaixo, até porque algumas respostas se aplicam somente ao meu perfil. Além disso, o entrevistador vai fazer muitas outras perguntas além das poucas listadas aqui.

Antes de começar, segue o aviso de segurança: as informações contidas neste post não são oficiais, podem conter erros e/ou não servirem para o seu caso. A responsabilidade na sua utilização é totalmente sua.

1. Por que você quer imigrar (ou por que deixar o Brasil)?

A maioria das pessoas vão dizer que querem imigrar por causa da violência e/ou da corrupção. Você pode dizer isso, mas é o que todos dizem. Recomendo buscar razões mais profundas. Eu disse mais ou menos isso:

"Nós queremos viver em um lugar onde podemos criar nosso filho com tranquilidade, ter o retorno dos impostos que pagamos e não ter medo de andar na rua. Aqui no Brasil, nós trabalhamos muito, nosso salário não é ruim, mas não temos o retorno dos nossos impostos e não temos poder de compra. Tudo é caro por causa da inflação e os impostos sob o produto. Pagamos muitos impostos e ainda temos que pagar uma segunda vez por serviços privados de saúde, educação e segunça, pois os serviços oferecidos pelo governo são horriveis. O Brasil não é um país pobre, é um país com muita corrupção, mal administrado e com problemas sociais profundos. Não vejo perpesctiva de vida para minha família aqui"

2. Por que o Québec?

"Escolhemos o Québec por causa da língua e por causa da cultura. O Francês, por ser uma língua latina, não é muito difícil de aprender e acreditamos que a cultura francófona é um pouco similar a cultura brasileira. Ela é muito mais similar que a cultura anglófona, por exemplo. Além disso o Québec parece ter o que procuramos. Sabemos que vamos pagar muitos impostos, mas veremos o retorno. Não tem os problemas sociais que tem aqui e também teremos a possibilidade de morar em uma cidade menor, sem perder alguns serviços fundamentais como boa educação por exemplo"

3. Qual cidade você escolheu?


"Nós escolhemos Gatineau. A razão é que não é uma cidade grande e também não é uma cidade pequena. Nós estamos cansados dos grandes centros e Gatineau parece ter o tamanho ideal. Uma outra razão é que eu visitei a região em 2008 e gostei muito do que vi"

Aqui eu tive dois medos.

Primeiro, eu visitei Ottawa e não Gatineau. Apenas uma ponte separa as duas cidades e Gatineau faz parte da região metropolitana de Ottawa. Ainda sim, Ottawa fica em Ontário e na época eu mal sabia o que era Québec e não visitei Gatineau. Eu estava com medo do entrevistador dizer algo "aha! então você gostou de Ottawa e quer morar lá!!", mas ele não fez nada disso. Apenas perguntou se eu tinha visitado Gatineau (eu disse que não) e perguntou o que achei de Ottawa.

O segundo medo foi que nas pesquisas de emprego que fiz eu encontrei apenas 2 empregos em Gatineau (que estavam um pouco abaixo do meu perfil atual) e em torno de 8 oportunidades em Ottawa (que batiam com meu perfil). Fiquei com medo dele dizer a mesma coisa "aha! Vai morar em Ottawa!" mas ele olhou apenas a primeira oferta, que era em Gatineau, e disse "c'est bon".

4. Você pesquisou empregos (ou quais são seus planos A, B e C)?

Não foi uma pergunta direta. Ele basicamente pediu as pesquesas de emprego, mas enquanto ele lia eu fui falando meu plano. Ele é muito específico do meu perfil, mas pode ajudar você a ter uma idéia dos planos A, B e C:

"Meu plano A é trabalhar com desenvolvimento de software na minha área. É uma área difícil e muito específica, mas é possível conseguir. Se isso não funcionar, meu plano B é tentar algo como QA (teste de software). Tem bastante oportunidades em Ottawa para esse tipo de vaga e tenho certeza que tenho perfil para isso. Porém, se isso também não der certo meu plano C é tentar uma vaga para help desk ou suporte. Acho difícil não conseguir, mas também tenho um plano D que é trabalhar em qualquer coisa relacionado a informática (por exemplo vendedor) e tentar fazer algum curso ou estudar novas linguagens de programação em paralelo".